Relatório CUF Oncologia 2018-2019

Sofia Braga

Oncologista e Coordenadora Científica da CUF Oncologia

INVESTIGAÇÃO QUE MARCA A DIFERENÇA Aliar a investigação científica a uma profissão foi desde sempre o sonho de Sofia Braga. Hoje, a Oncologista conjuga a prática médica com a investigação e o cargo de Coordenadora Científica da CUF Oncologia. F oi no liceu que Sofia Braga decidiu ser médica por ser uma profissão que lhe permitia, em simultâneo, ser cientista. “No primeiro ano do curso percebi que me queria dedicar ao cancro, mas oscilava entre Anatomia Patológica, Hematologia e Oncologia”, recorda. Depois, as cadeiras clínicas ajudaram-na a descobrir o prazer da interação com os doentes. Terminada esta sua etapa de formação, a decisão estava tomada: Oncologia. Hoje alia a prática médica, a investigação e o cargo de Coordenadora Científica da CUF Oncologia, tendo recentemente desenhado o ensaio clínico que é já considerada a grande inovação no tratamento do cancro da mama metastático com sobreexpressão de HER2. Sofia Braga começou a participar em ensaios clínicos ainda durante o internato, em 2002. Seguiu-se um doutoramento que aliava a Medicina à investigação científica e, desde 2011, dedica-se a tudo o que considera mais fascinante: “Consigo desenhar ensaios clínicos, mas também fazer investigação molecular e biológica.” E acrescenta: “A ligação da CUF a estruturas académicas, nomeadamente à Nova Medical School, para mim é essencial. O que a CUF faz é dar-nos as condições que permitem desenvolver novos projetos de investigação na área da Oncologia.”

Uma paleta de muitas cores

Sofia Braga começou a interessar-se pela problemática do cancro da mama quando estava no Brasil, em 2003, onde trabalhou seis meses num serviço ambulatório de oncoginecologia. No regresso a Portugal deu continuidade ao trabalho nesta área. “Há muita incidência de cancro da mama. As mulheres são muito jovens e pode fazer-se muita investigação”, explica, antes de definir esta área da Oncologia como uma “paleta de muitas cores”. “Há carcinomas da mama simplicíssimos, e outros gravíssimos”, explica. Sofia Braga elege o aparecimento do fármaco trastuzumab como um dos grandes desenvolvimentos dos últimos vinte anos no tratamento do cancro da mama. “Foi uma primeira imunoterapia dirigida especificamente contra o recetor do HER2”, afirma a médica e cientista, que recentemente teve um papel de destaque num ensaio clínico em doentes com tumor disseminado, metastizado, com terapêutica anti-HER2. Este ensaio, destinado a doentes de terceira linha, junta um fármaco inovador, o tucatinib, à “terapêutica clássica”, composta pelos fármacos trastuzumab e capecitabina. No ensaio participaram quatro doentes, uma das quais era já seguida no Hospital CUF Descobertas. “Temos uma doente na casa dos 40 anos que está a beneficiar desta terapêutica há 18 ciclos e cujas metástases pulmonares têm diminuído”, afirma Sofia Braga. “É claríssimo que isto é um breakthrough, daí ter sido publicado no The New England Journal of Medicine . Não é uma coisa para daqui a 15 anos, é para ontem”, afirma a investigadora, que acredita que, em breve, o tucatinib passará a integrar o armamento terapêutico.

SABIA QUE...

Sofia Braga e Paula Borralho integraram a equipa de investigação vencedora dos Prémios Pfizer 2019 na categoria de Investigação Clínica, em parceria com o CEDOC – Centro de Estudos de Doenças Crónicas da NOVA Medical School. A investigação em causa permite identificar um marcador preditivo de resposta à quimioterapia neoadjuvante, tratamento habitual no caso de cancro da mama localmente avançado.

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CUF ONCOLOGIA | Relatório 2018-2019

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