Relatório CUF Oncologia 2018-2019

Entrevista

José Dinis Silva

Como tem evoluído o cancro em Portugal ao longo dos últimos anos, quer na incidência da doença, quer também nas possibilidades de tratamento? Portugal tem três rastreios em curso de base populacional, atingindo de forma universal todos os residentes, que fazem aumentar a incidência. Essa é uma incidência boa. Em princípio vamos ter mais casos, mas mais casos em fase curável. De uma forma geral, a incidência do cancro tem aumentado. E aumenta por vários motivos, entre os quais razões demográficas, o facto de estarmos mais velhos e o nosso estilo de vida, um conjunto de fatores que fazem com que o cancro seja a doença do século. E tanto o é que, no próximo mandato, a Comissão Europeia define como um dos desfechos principais a luta contra o cancro, que aumenta não só em Portugal, mas em todo o mundo, em particular nos países desenvolvidos.

O cancro é uma doença de estilo de vida? Não só, mas também. A começar pela questão do tabaco.

Disse que o cancro está a aumentar em todo o mundo. Pergunto-lhe se a realidade portuguesa tem algum tipo de especificidade ou se é uma realidade que se sobrepõe à da Europa? Nos dados comparados, Portugal acompanha a tendência do que se passa na Europa. Mas o que se passa é que nós estamos a ter dados muito extrapolados, com um atraso de dados reais muito acentuado em 2010. Espera-se que agora com o RON a funcionar a 100%, tenhamos já capacidade para, no máximo, com dois anos de atraso termos noção da nossa realidade. O facto de haver uma cada vez maior incidência equivale a dizer que há também uma maior mortalidade ou o cancro está numa fase em que acaba por transformar-se numa doença crónica? O que queremos é diagnosticar os casos que sabemos que vão existir em maior número, mas de uma forma mais precoce. E isso entronca num conjunto de medidas que preparam a estrutura de saúde em Portugal, não só para estar alerta mas também para garantir a equidade

Médico Oncologista e Coordenador do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas

"FAZER O PLANO DE TRATAMENTO E O SEU SEGUIMENTO DE UMA FORMA ADEQUADA REDUZ A MORTALIDADE" Nos próximos anos o cancro continuará a aumentar mas, como explica José Dinis Silva, Coordenador do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, o objetivo de médicos e investigadores é que a mortalidade associada à doença oncológica diminua.

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