Relatório CUF Oncologia 2018-2019

O diagnóstico mais temido Gabriela Freitas, hoje com 36 anos, é brasileira e acompanha o marido, pastor de uma igreja, no trabalho missionário pelo mundo. Foi na Roménia que surgiram os primeiros sintomas. “Tinha febre noturna, suava muito, tossia muito, sentia-me sem ânimo e apareceu-me um carocinho debaixo do braço. Achei estranho e fui ao médico”, conta Gabriela. Os exames revelaram adenopatias e os médicos aconselharam a uma consulta de hematologia, onde lhe foi recomendada uma alimentação saudável e vigilância periódica. Entretanto o marido foi transferido para Cabo Verde, Gabriela acompanhou-o e, passado algum tempo, piorou. O caroço na axila aumentou, emagreceu de forma súbita e a tosse retornou ainda com mais intensidade. “Tinha de dormir sentada porque, deitada, faltava-me o ar”, conta. Uma nova visita ao médico e a realização de um raio X aceleraram o processo. “A médica disse-me que tinha de sair de Cabo Verde porque lá não me podiam fazer o exame que eu precisava para um diagnóstico preciso”, relata Gabriela. Em Lisboa foi encaminhada para a consulta de Manuela Bernardo onde conheceu o diagnóstico. “Fiquei sem chão! Não esperava que fosse cancro. Pensava que tinha tuberculose, porque estava a emagrecer e a tossir, mas não cancro”, recorda Gabriela, que destaca o espírito positivo da médica desde o primeiro dia. “Disse-me que havia tratamento e que tinha de pensar positivo”, revela. Seguiu as palavras da hematologista à risca. Uma semana depois iniciou os tratamentos, apostou numa alimentação saudável e, mesmo nos dias em que os enjoos eram piores, forçava-se a comer. "A doença fez-me evoluir como pessoa e aprender a cuidar e observar os sinais do meu corpo." Gabriela Freitas

Uma nova vida após o cancro Gabriela Freitas, sobrevivente de linfoma de Hodgkin

Gabriela Freitas foi tratada na unidade de hemato-oncologia do Hospital CUF Infante Santo, onde Manuela Bernardo trabalha desde meados dos anos 90. “O que tentámos fazer nesta unidade foi rodear-nos de uma série de especialidades complementares para que tudo decorresse num serviço como um todo, com psicologia e psiquiatria, nutrição, radioterapia e consulta de dor” , explica a médica. Para Manuela Bernardo, o caso de Gabriela colocava desafios não apenas pela extensão da doença mas pelo tempo de evolução, que aumentava a probabilidade de o tumor se ter tornado menos sensível à terapêutica. “Este tipo de linfoma tem uma taxa de cura superior a 50%, mas o prognóstico é francamente melhor nos estágios mais precoces, em que atinge os 90%”, alerta a médica que só após os primeiros exames de reavaliação serem normais ficou convicta da plena recuperação da doente. Gabriela fez quimioterapia e radioterapia, teve um período de internamento quando contraiu uma bactéria mas, passados três anos, faz a sua vida normal – com algumas alterações bem significativas. “Faço uma alimentação saudável: como frutas e verduras, coisa que antes não comia, muito peixe, carne uma vez por semana. E faço exercício físico três vezes por semana. A doença fez-me evoluir como pessoa e aprender a cuidar e a observar os sinais do meu corpo.”

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CUF ONCOLOGIA | Relatório 2018-2019

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