Relatorio CUF Oncologia 2020-2021

O Futuro que nos Desafia

NECESSIDADES DOS DOENTES, SOBREVIVENTES E CUIDADORES Mariana Koehler Hematologista na Clínica CUF Almada e no Hospital CUF Tejo

S ou uma médica, entre muitos outros, que testemunha diariamente o caminho de doentes, sobreviventes e cuidadores. É um desafio exigente o de resumir em poucas palavras as necessidades complexas que o futuro reserva aos doentes, familiares e cuidadores. Para o fazer, revisitei a minha experiência como exemplo, assim como as partilhas com colegas, e procurei contemplar o que é de facto essencial numa visão de futuro. O fundamento da nossa atividade na Oncologia é – e continuará a ser – a busca da cura. No entanto, esta cura encerra um conceito lato e abrangente, cuja especificidade tem de ser cada vez mais interpretada e adaptada à individualidade de cada doente, à luz da sua realidade psicossocial concreta, da doença que o traz até nós e do estadio em que esta se encontra. A doença oncológica é potencialmente fatal e a experiência da iminência da morte, o confronto com a nossa finitude ou com a de alguém que nos é querido são radicalmente transformadores, exigentes e geradores de sofrimento, independentemente do desfecho. Na CUF Oncologia procuramos diariamente ser parte do caminho de cada uma destas pessoas, contribuindo para a redução do sofrimento físico, psíquico e existencial associado à sua doença. Por isso e para isso, nós, médicos, não estamos sozinhos. Para responder às necessidades de quem passa por uma doença oncológica, o futuro exige que continuemos a fazer caminho com uma equipa multidisciplinar, com vista a conseguirmos um diagnóstico ainda mais célere e preciso, assim como estabelecer e providenciar a melhor terapêutica, sem esquecer a necessidade de gestão das restantes doenças de cada pessoa, muitas vezes alteradas pela doença oncológica e sua terapêutica. E é isto que desafia o nosso futuro: continuar a tratar e acompanhar cada doente e os seus cuidadores, na sua individualidade, para que, independentemente do desfecho do percurso de doença, possamos mitigar, cada vez melhor, o sofrimento associado ao diagnóstico oncológico. E em cada doente que passe a sobrevivente, temos de continuar a criar as condições para o desenvolvimento de um modelo de prestação de cuidados holístico, que se foque não apenas na vigilância do cancro, mas também nas amplas e únicas necessidades de cada um dos sobreviventes e dos seus familiares.

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CUF ONCOLOGIA | Relatório 2020-2021

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