O FUTURO DA ONCOLOGIA Luís Costa Oncologista na Unidade da Mama da CUF Lisboa
O futuro da Oncologia prevê-se mais informado e participado. A evolução vertiginosa da tecnologia a que assistimos, aliada a um inigualável volume de informação científica, vai exigir uma Medicina muito mais capaz de converter dados numa proposta segura e inteligível de conduta médica e de parceria com o doente, para alcançar objetivos comuns. As equipas médicas e de investigação, bem como todos os agentes transnacionais de saúde, terão de evoluir na sua capacidade de comunicação em rede, projetando temas complexos para casos concretos e introduzindo, na sua comunicação, os conceitos de Medicina de precisão. É expectável que se venham a curar mais cancros – curar de facto – e sejamos capazes de prolongar, significativamente, a vida dos que não se curam, com mais qualidade de vida. No entanto, o aumento da incidência é tão impressionante que o cancro continuará a ser um desafio enorme e incontornável para a sociedade. Temos conseguido avanços significativos no tratamento do cancro em estadios mais avançados através da Medicina de precisão e da imunoterapia. Muitos deles, avanços terapêuticos, que, quando aplicados em fases mais iniciais ou sobre populações tumorais mais pequenas, tornam possível a cura para muitos mais doentes. Neste âmbito, a investigação clínica através dos ensaios clínicos é crucial para transportar a ciência para a “cabeceira” do doente oncológico. No futuro, teremos cada vez mais doentes em estudos clínicos. O futuro da Oncologia passa, igualmente, pelas novas técnicas cirúrgicas – capazes de aliar a eficácia a uma maior segurança e mais rápida recuperação – e pela radioncologia, com técnicas terapêuticas de maior precisão e eficácia. Será, ainda, decisivo desenvolver tecnologias para uma deteção mais precoce de tumores de “difícil acesso” ou de crescimento mais rápido. As biópsias líquidas, que permitem a deteção de ADN do tumor e de proteínas associadas, são candidatas a um papel relevante nesta missão. Serão úteis para identificar tumores residuais após cirurgia e, portanto, auxiliar na decisão de completar a estratégia de tratamento. O futuro é, certamente, mais promissor e terá de o ser face à avalanche de casos. A ciência vai oferecer muito conhecimento sobre o cancro e o nosso desafio é o de tornar esse conhecimento num benefício real para a sociedade.
73 CUF ONCOLOGIA | Relatório 2020-2021
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