“Falamos todos a uma só voz”
obstipação, enfim, às dificuldades de absorção dos nutrientes que cada doente desenvolve como efeito secundário do próprio cancro ou de tratamentos como a quimioterapia, a radioterapia ou a cirurgia. O nutricionista é igualmente fundamental no acompanhamento após a alta hospitalar, com recomendações de planos alimentares individualizados para o domicílio, e mesmo numa fase adiantada da doença, em Cuidados Paliativos, com aconselhamento à família e gestão de expectativas, sempre com o propósito de dar conforto ao doente. Certo é que, como refere Maria Antónia Ruão, um bom aporte nutricional num doente oncológico permite-lhe ter “menor tempo de internamento” e garante o cumprimento dos tratamentos no tempo protocolado, com impacto nos resultados terapêuticos obtidos. Esta evidência, na opinião da nutricionista, demonstra como a referida valência “é uma peça fundamental deste puzzle multidisciplinar” da CUF Oncologia, que tem tranquilizado os doentes com que se tem cruzado. “Os doentes dizem que tão rapidamente é identificado um problema como já estão num gabinete a tentar resolvê-lo”, relata a especialista.
Trabalha “na porta ao lado” de oncologistas, cirurgiões e enfermeiros em prol do bem-estar do doente oncológico, relata Joana Sequeira, médica fisiatra na Unidade da Mama do Hospital CUF Descobertas. Esta proximidade da equipa multidisciplinar da CUF Oncologia garante que “falamos todos a uma só voz” para dar o acompanhamento de que o doente necessita. Da parte da Medicina Física e de Reabilitação, o doente pode contar com um apoio que o ajudará “a reabilitar, integrar e estimular a funcionalidade, no sentido de retomar a participação no meio familiar, profissional e na sociedade” dentro das possibilidades que a doença permite. Afinal, como lembra Joana Sequeira, neste momento o cancro caminha para ser uma doença crónica e ao longo de todo o processo vai havendo períodos altos e baixos na funcionalidade. O fisiatra tenta tornar o doente “o mais funcional para aquela fase da vida”. A perda de funcionalidade pode ser em consequência da doença em si ou do tratamento e os objetivos a atingir são depois adaptados a cada caso em particular. Pode passar pela melhoria do condicionamento físico, fortalecimento muscular, recuperação do equilíbrio e da marcha. Partindo para alguns exemplos, a Medicina Física e de Reabilitação apoia na redução da fadiga e dores associadas ao cancro e aos tratamentos adjuvantes. Após a cirurgia, tem um papel particularmente importante na recuperação – seja da função respiratória, em caso do cancro do pulmão, ou da amplitude articular do braço, nas cirurgias do cancro da mama. A reabilitação tem, também, um papel fundamental na prevenção de linfedemas no cancro da mama. Já no cancro da cabeça e pescoço, com a Terapia da Fala pode conseguir-se a melhoria da deglutição e da vocalização. Mesmo em Cuidados Paliativos, a reabilitação tende a melhorar o prognóstico funcional, que pode passar apenas “por conseguir sentar o doente”, acrescenta a médica. É um percurso pensado logo no momento do diagnóstico, conta Joana Sequeira, quando o fisiatra avança com o prognóstico de funcionalidade do doente. O plano é avaliado com consultas regulares, sempre com um acompanhamento individualizado, o que, pensa a especialista, dá ao doente “uma sensação de conforto” por se sentir acompanhado por uma equipa multidisciplinar que olha por todas as suas necessidades. "Após a cirurgia, [a Medicina Física e de Reabilitação] tem um papel particularmente importante na recuperação."
Joana Sequeira Médica fisiatra na Unidade da Mama do Hospital CUF Descobertas
61 CUF ONCOLOGIA | Relatório 2020-2021
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