Entre os doentes que mais podem usufruir das várias técnicas utilizadas pela Radiologia de Intervenção estão os que possuem metástases hepáticas de tumores primários, particularmente do cólon ou da mama ou neuroendócrinos. Também os doentes com tumores primitivos do fígado e das vias biliares, assim como os doentes com tumores primitivos do rim, pulmão ou das suprarrenais que não podem ser operados, podem beneficiar destas técnicas que oferecem “a alternativa de destruir localmente o tumor e controlar a doença”, explica Élia Coimbra. Para a radiologista, a combinação de terapêuticas com a Radiologia de Intervenção e a quimioterapia sistémica tem demonstrado ser “uma mais-valia para os doentes”. Terapêuticas combinadas: uma mais-valia para os doentes No caso dos tumores irressecáveis, sem possibilidade de tratamento cirúrgico, ou em doentes sem possibilidades cirúrgicas por comorbilidades várias, a Radiologia de Intervenção recorre “a técnicas minimamente invasivas, particularmente as percutâneas, em que, introduzindo agulhas ou antenas através da pele até ao tumor e usando fontes de calor, de frio ou correntes elétricas, se pode destruir as lesões tumorais”. Esta técnica pode ser utilizada em diversos órgãos como fígado, pâncreas, pulmão e rins, de uma forma pouco invasiva, possibilitando o tratamento destes doentes. Também a administração de quimioterapia por via intra-arterial reduz a lesão tumoral e atrasa a sua evolução, sendo este tratamento um cateterismo feito sem recurso a anestesia geral. É um procedimento que se efetua no caso do cancro do fígado. Outra possibilidade, também feita por via intra-arterial e sem necessidade de anestesia geral, é a administração local de partículas radioativas para destruir o tumor – a radioembolização, realizada em conjunto com a Medicina Nuclear. DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO A Radiologia de Intervenção é já considerada o quarto pilar do tratamento do cancro a par da cirurgia, das terapêuticas sistémicas e da radioterapia. Na sequência do desenvolvimento tecnológico dos últimos anos, a Radiologia de Intervenção passou de tratar apenas tumores ou metástases hepáticas com menos de dois centímetros (com radiofrequência) para conseguir tratar tumores de maior dimensão, até cinco centímetros (com microondas, por exemplo), usando sempre meios de imagem para guiar os tratamentos. Em alguns casos, estes tratamentos mostram o comportamento biológico do tumor, podendo depois, se a evolução assim o permitir e for necessário, que o doente seja operado com maior segurança.
Élia Coimbra Coordenadora de Radiologia de Intervenção no Hospital CUF Tejo
"Podemos ajudar a reduzir o tamanho de um tumor ou a desvascularizá-lo para garantir que a cirurgia se torna mais segura."
51 CUF ONCOLOGIA | Relatório 2020-2021
Powered by FlippingBook