Relatorio CUF Oncologia 2020-2021

Pela voz dos doentes e dos profissionais, a CUF Oncologia partilha o seu Relatório Bienal, dando destaque aos dados da atividade clínica e de investigação de 2020 e 2021.

HÁ RAZÕES PARA TER ESPERANÇA

CUF Oncologia Relatório 2020-2021

Mensagem do Presidente

N

Rui Diniz Presidente da Comissão Executiva da CUF

os últimos dois anos, o país uniu-se no combate à COVID-19. Mas, em paralelo, outras lutas igualmente importantes já há muito se travavam. Segundo dados do Global Cancer Observatory , em 2020, registaram-se mais de 60 mil novos casos de cancro em Portugal, prevendo-se um aumento para mais de 70 mil novos casos em 2040. Uma realidade com a qual os mais de 400 profissionais da CUF Oncologia , a maior rede de cuidados oncológicos privada no país, lidam diariamente e que, em tempos de pandemia, trouxe ainda maiores desafios. Estar ao lado dos doentes, ao longo de 2020 e 2021, foi, por isso, a prioridade das equipas, que se mobilizaram para garantir a melhor resposta aos mais de 19 mil doentes oncológicos que confiaram o seu diagnóstico e tratamento à CUF Oncologia . Pela voz de profissionais e doentes, o Relatório Bienal da CUF Oncologia 2020/2021 reflete, assim, o balanço do trabalho desenvolvido e os resultados alcançados num contexto marcado pela pandemia. Apresentamos nele os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos e inovações, novos equipamentos de última geração, em alguns casos, únicos no país, que asseguram diagnósticos cada vez mais precisos. “A CUF oferece condições tecnológicas e humanas de exceção para o diagnóstico e tratamento do cancro.” E porque a melhoria dos cuidados de saúde se faz também através da promoção do conhecimento, apresentamos igualmente a nossa aposta na formação, na investigação clínica e na ligação às mais prestigiadas instituições de ensino e de investigação nacionais. Parece certo que, nas próximas décadas, assistiremos a um aumento na prevalência de doenças oncológicas na população. Os números assim o dizem. Mas há razões para ter esperança . Sabemos hoje que as doenças oncológicas podem ser detetadas cada vez mais precocemente e os tratamentos têm evoluído de forma muito relevante. Enquanto instituição de saúde que se dedica há quase quatro décadas ao tratamento do cancro, tendo sido a primeira instituição privada em Portugal a fazê-lo, a CUF oferece condições tecnológicas e humanas de exceção para o diagnóstico e tratamento do cancro. Ao longo dos anos temos estado sempre na frente da inovação terapêutica e tecnológica. E essa é uma premissa que queremos continuar a cumprir, pois só estando na frente, podemos verdadeiramente estar ao lado dos doentes.

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Mensagem da Direção Clínica

Ana Raimundo Diretora Clínica da CUF Oncologia

T anto a nível pessoal como profissional, os últimos adaptar, simultaneamente, a uma realidade que mantivesse a capacidade de resposta em Oncologia. Foi neste período particularmente difícil que todos os profissionais da CUF Oncologia deram o melhor de si para assegurar diagnósticos e tratamentos atempados, assim como o devido acompanhamento a doentes que se encontravam, antes da pandemia, a atravessar o processo da doença. As equipas da CUF Oncologia assumiram desde o primeiro momento, com forte espírito de missão e compromisso, a continuidade dos cuidados aos doentes oncológicos, mantendo a qualidade clínica que os distingue e preservando a segurança de todos os envolvidos. O empenho e dedicação das equipas da CUF Oncologia permitiu ainda garantir o reforço do Programa Via Verde Diagnóstico de Cancro e transpor barreiras físicas e geográficas ao desenvolverem o acompanhamento dos doentes à distância, através de teleconsultas – de forma a limitar as deslocações dos doentes –, assim como aplicar medidas que tornaram seguro o acesso aos hospitais por necessidade de diagnóstico ou tratamento. dois anos foram dos mais desafiantes que alguma vez enfrentámos na história das nossas vidas. Se por um lado lidámos com os receios e os impactos de uma doença que desconhecíamos – a COVID-19 –, por outro tivemos de nos

A par desta nova realidade, nos últimos dois anos robustecemos o nosso modelo clínico centrado no doente e organizado por patologia, suportado por equipas multidisciplinares dedicadas e experientes na prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento das diferentes patologias oncológicas. Esta estrutura organizativa – que possibilitou a consolidação das Unidades de Diagnóstico e Tratamento Integradas – permite-nos assegurar não só uma visão global do doente, como acautelar todas as suas necessidades individuais antes, durante e após o processo da doença. Em simultâneo, mantivemos o foco na resposta célere, desde o diagnóstico ao tratamento, indo ao encontro das expectativas de quem procura os nossos cuidados, preservando e consolidando a relação de confiança que se estabelece entre profissional de saúde e doente, bem como a humanização dos cuidados de saúde. Nestes últimos dois anos, é ainda de relevar o crescimento do número de ensaios clínicos e projetos de investigação desenvolvidos pelas equipas da CUF Oncologia, com a finalidade de garantir o desenvolvimento de terapêuticas inovadoras, assim como oferecer um futuro com mais esperança aos doentes oncológicos. Em virtude de um persistente empenho e elevado profissionalismo de todos os que compõem a CUF Oncologia, somos hoje a maior rede de cuidados oncológicos privada do país, com o propósito diário de assegurar a melhor resposta e acompanhamento aos doentes e às suas famílias.

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Mensagem da Coordenação de Enfermagem

Sara Torcato Parreira Enfermeira Coordenadora da CUF Oncologia

O s últimos dois anos foram de oscilação, de vaivém, pela forma como nos organizamos – pelo trabalho em rede, valorizando a nossa multidisciplinaridade – e pelos cuidados que prestamos, centrados na pessoa. E se há elementos que usam, na prática, a palavra “cuidar” são os enfermeiros de Oncologia. As equipas de Enfermagem da CUF Oncologia estão estruturadas por tipo de tumor ou por tipo de tratamento. Une-nos uma missão para com as pessoas afetadas pelo cancro, os doentes e os seus cuidadores, essa missão é sobre viver. Como viver com a doença, com os tratamentos, sobre como viver com a sobrevivência e com a paliação. A Enfermagem comporta, nos cuidados que presta diariamente, muito mais do que de procura de equilíbrio entre diferentes factos e realidades. Foram anos de pandemia e, na CUF, conseguimos manter um equilíbrio entre as necessidades resultantes da COVID-19 e os cuidados de Oncologia. Tal só foi possível

a palavra “suporte” pode exprimir. É presença, é aconselhamento, é educação, é facilitação, é gestão, é liderança, é intervenção, é diferenciação. Para que as pessoas afetadas pelo cancro se consigam adaptar e viver, da melhor forma possível, durante o processo da doença. Mesmo com as adversidades e a atipicidade destes últimos dois anos, estes foram de crescimento, de expansão e de transversalização. Fazemos mais diagnósticos. Temos mais pessoas em tratamento oncológico. Abrimos o Hospital CUF Tejo. Continuámos a melhorar e a uniformizar práticas. Por isso mesmo, não posso deixar de expressar o meu orgulho em todos os que para tal contribuíram e todos os dias continuam a contribuir com os cuidados que prestam às pessoas que nos procuram e que em nós depositam a sua confiança e esperança. Que continuemos a ganhar mais e mais equilíbrio, para irmos, cada vez melhor, ao encontro de quem de nós necessita. E sejamos o paradigma desse encontro.

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ÍNDICE

O CONHECIMENTO QUE NOS MOVE “O nosso prestígio tem sido reconhecido pelos candidatos aos programas de internato” Entrevista a Paula Borralho Formar e desenvolver competências Investigação clínica: um ganho para os doentes Ensaios clínicos a decorrer Investigação científica O FUTURO QUE NOS DESAFIA “Antecipamos as necessidades dos doentes” Entrevista a Rita Marques da Costa O futuro da Oncologia Necessidades dos doentes, sobreviventes e cuidadores Diagnóstico e Inteligência Artificial O futuro da Cirurgia Oncológica Terapêuticas sistémicas de última geração Radioncologia de precisão REDE DE CUIDADOS ONCOLÓGICOS Serviços na rede CUF Apoio em todas as frentes Equipa

Mensagem do Presidente Mensagem da Direção Clínica Mensagem da Coordenação de Enfermagem COMPROMISSO E EXPERIÊNCIA O que nos define Dois anos de conquistas Indicadores de Atividade Assistencial Curvas de sobrevivência Visão do doente

3 4 5

64 65 66 68 70

8 11 12 14 16

72 73 74 75 76 77 78

UMA RESPOSTA À ALTURA DA PANDEMIA COVID-19: Não deixar os doentes oncológicos para trás CUIDAMOS EM TODOS OS MOMENTOS “Colocar o doente no centro dos cuidados”

18

26 27 28 32 36 40 42 46 50 52 54 58 59

Entrevista a João Paulo Fernandes Lado a lado, em todo o percurso

Cancro da Mama Cancro Colorretal Cancro do Pulmão Cancro da Pele Cancro Hematológico Cancro Urológico Radiologia de Intervenção Genética Cuidados Paliativos Cuidados de Enfermagem Cuidados de Suporte

80 81 82 84 85

Referenciação médica Gestores Oncológicos

CONSELHO EDITORIAL Direção de Comunicação da CUF PUBLISHER Adagietto • Rua do Centro Cultural, 6A, 1700-107 Lisboa EDIÇÃO Sónia Castro * DESIGN E PAGINAÇÃO Sara da Mata, Tetyana Golodynska REDAÇÃO Rita Vassal, Susana Torrão * FOTOGRAFIA António Cunha, António Pedrosa, Carla Tomás, Diana Tinoco, José Fernandes, Luís Filipe Catarino, Miguel Madeira, Raquel Wise, Ricardo Castelo (4SEE), CUF * IMAGENS iStock PROPRIEDADE CUF • Av. do Forte, Edifício Suécia, III - 2.º, 2790-073 Carnaxide PRODUÇÃO GRÁFICA Lidergraf * TIRAGEM 1500 * DEPÓSITO LEGAL 468331/20

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COMPROMISSO E EXPERIÊNCIA

O compromisso que assumimos há quase quatro décadas, de assegurar uma aposta contínua na investigação e nas melhores práticas clínicas, está diariamente presente nos cuidados de saúde prestados aos milhares de doentes que nos procuram. Fazemo-lo com o conhecimento e experiência de centenas de profissionais das diversas áreas e especialidades, a partir da maior rede privada de cuidados oncológicos do país. Na prevenção, no diagnóstico ou no tratamento, cada doente é único e a sua história é também a nossa.

Compromisso e Experiência

O QUE NOS DEFINE

CULTURA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Há 37 anos, a CUF foi o primeiro prestador privado a tratar cancro em Portugal. Hoje constitui a maior rede privada de cuidados oncológicos no país.

EXPERIÊNCIA E PROXIMIDADE

• 19

hospitais e clínicas articulados em rede profissionais dedicados à prevenção, diagnóstico e tratamento do cancro 400 especialidades 50 RESPOSTA A TODOS OS TIPOS DE CANCRO E NECESSIDADE DOS DOENTES • •

• • • •

Instituto CUF Porto disponibiliza o único equipamento de CyberKnife do País Hospital CUF Tejo dispõe de um equipamento Gamma Knife – sistema avançado de radiocirurgia estereotáxica de elevada precisão, único em Portugal Hospital CUF Tejo está dotado de sistema de cirurgia robótica Da Vinci para cirurgia minimamente invasiva Entre os vários equipamentos de última geração disponíveis na rede CUF estão, também, mamografias com tecnologia 3D, tomografias computadorizadas (TAC) de baixa dose de radiação e aceleradores lineares

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RAPIDEZ DE RESPOSTA Capacidade de diagnóstico em 48 horas

APOSTA NA INVESTIGAÇÃO

EXPERIÊNCIA EM TODAS AS PATOLOGIAS ONCOLÓGICAS

Entre 2020 e 2021 Mais de •

• 37

9900 8800

novos diagnósticos doentes tratados

ensaios clínicos em curso

• •

Crescimento de 19% no número de ensaios clínicos nos últimos dois anos Publicação de estudos e investigações de especialistas da CUF Oncologia em revistas científicas internacionais

Mais de

INVESTIMENTO NO TALENTO HUMANO

• • •

Idoneidade formativa e formação pós-graduada em Anatomia Patológica, Oncologia Médica e Radiologia Formação pré-graduada em medicina Promoção de eventos clínicos e de formação em Oncologia nos hospitais e clínicas CUF

PRINCIPAL DIAGNOSTICADOR DE DOENÇAS ONCOLÓGICAS NO SETOR PRIVADO EM PORTUGAL E O SEXTO A NÍVEL NACIONAL

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Compromisso e Experiência

QUALIDADE CLÍNICA Uniformização e otimização de boas práticas em toda a rede

ACOMPANHAMENTO DE PROXIMIDADE

• •

Casos discutidos em reuniões multidisciplinares de decisão terapêutica Percursos clínicos e protocolos de atuação definidos por patologia , em alinhamento com as mais recentes guidelines nacionais e internacionais Programa Value-Based Healthcare para avaliação do tratamento oncológico da mama, do cólon e reto, do pulmão e do melanoma

Disponível 24 Linha de Apoio ao Doente Oncológico • Mais de 7600 atendimentos telefónicos em dois anos › horas por dia › Gestores oncológicos que acompanham todo o processo, dando apoio a doentes e cuidadores •

RECONHECIMENTO Unidade da Mama CUF de Lisboa certificada pela European Society of Breast Cancer Specialists (EUSOMA) •

Hospitais CUF Descobertas e CUF Tejo reconhecidos pelo Ministério da Saúde como Centros de Referência Nacional para o Cancro do Reto Unidades de Cuidados Paliativos dos hospitais CUF Tejo e CUF Porto certificadas pela European Society for Medical Oncology (ESMO) como Centros Integrados de Cuidados Paliativos e Oncologia

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DOIS ANOS DE CONQUISTAS Nos dois últimos anos, a CUF Oncologia e os seus profissionais, movidos pela vontade de continuar ao serviço dos doentes, alcançaram marcos significativos que merecem ser destacados.

2020

JULHO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

“Hoje ainda não é tarde”: CUF Oncologia reforça Via Verde Diagnóstico de Cancro Mais informações na pág. 22

Hospital CUF Tejo Novo hospital reforça a resposta na área de Oncologia com instalações e equipamentos altamente diferenciados e de nova geração, bem como estruturas que garantem conforto e privacidade dos doentes em tratamento. Num ano de atividade, o Hospital CUF Tejo realizou, na área de Oncologia, mais de 11 mil consultas médicas, mais de 3800 sessões de tratamento em Hospital de Dia e operou mais de mil doentes.

Abertura do Centro de Simulação CUF em parceria com a NOVA Medical School Com oferta formativa pré e pós-graduada para o ensino e treino na área de Oncologia.

CUF aumenta disponibilização de testes moleculares para o diagnóstico oncológico O diagnóstico molecular é hoje fundamental para diagnóstico, orientação terapêutica e monitorização em Oncologia. Permite caracterizar melhor algumas neoplasias e ajustar a estratégia terapêutica a cada caso.

2021

CUF reforça Programa de Deteção Precoce do Cancro do Pulmão Mais informações na pág. 36 MARÇO

JULHO

AGOSTO

NOVEMBRO

Radioterapia do Instituto CUF Porto com novo acelerador linear Este equipamento, resultante de um investimento do parceiro Júlio Teixeira S. A., veio complementar a oferta da CUF Oncologia, que passa a disponibilizar seis equipamentos diferenciados para tratamento de radioterapia.

Início da disponibilização do tratamento de iodo radioativo para cancro da tiroide

Biópsia à próstata: nova técnica com maior segurança e precisão O Hospital CUF Tejo foi pioneiro no desenvolvimento, em Portugal, de uma técnica inovadora de diagnóstico de cancro da próstata: a biópsia da próstata por via transperineal sob anestesia local. Mais informações na pág. 47

Recertificação da Unidade da Mama da CUF Lisboa pela European Society of Breast Cancer Specialists (EUSOMA) Mais informações na pág. 31

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Compromisso e Experiência

INDICADORES DE ATIVIDADE ASSISTENCIAL A CUF Oncologia tem vindo a reforçar, ao longo dos anos, a sua capacidade de resposta às doenças oncológicas, de forma integrada e adequada a todos os tipos de cancro. N os últimos 10 anos assistiu-se na rede CUF Oncologia a um aumento médio anual de 9,6% no número de novos diagnósticos. Este crescimento resulta do alargamento geográfico da rede CUF, mas também da maior consciencialização para a importância do diagnóstico precoce, que se reflete no elevado investimento em recursos humanos e tecnológicos diferenciadores, para garantir que este é concretizado de forma rápida. O ano de 2020, fortemente marcado pela pandemia de COVID-19, registou uma diminuição significativa de diagnósticos e por consequência de tratamentos oncológicos, pese embora a disponibilidade da rede CUF em todo o momento para responder aos doentes não COVID. Já 2021, com a retoma dos cuidados de saúde por parte da população, reflete a recuperação da atividade clínica, fruto do empenho e da dedicação das equipas na resposta às necessidades de saúde.

PRÓSTATA

100 200 300 400 500 600

COLORRETAL

100 200 300 400

CRESCIMENTO DE DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTOS NA CUF ONCOLOGIA

MAMA

100 200 300 400 500 600 700

TODAS AS PATOLOGIAS

2000 3000 4000 5000 1000

Fonte: Registo Oncológico Nacional (RON) de 2011 a 2021 Notas: Em 2017, iniciou-se o registo de todas as displasias de alto grau (HSIL) do colo do útero (tanto CIN II como CIN III). Antes de 2017, as instituições apenas registavam os casos CIN III do colo do útero. Inclui casos malignos de pele. Dados do RON relativos a 2020 e 2021 são preliminares.

Diagnóstico

Tratamento

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ATIVIDADE ONCOLÓGICA DA CUF AO LONGO DE 2020-2021

2020

2021

ANATOMIA PATOLÓGICA Novos diagnósticos de cancro

4500

5407

CONSULTAS Total de Consultas Médicas: Hemato-Oncologia, Senologia, Radioterapia, Neuro-Oncologia, Cuidados Paliativos, Risco Oncológico

38835

49933

TELECONSULTAS Teleconsultas de Oncologia Teleconsultas de Hematologia HOSPITAL DE DIA Doentes em tratamento Sessões de tratamento CIRURGIA ONCOLÓGICA Doentes operados

524 142

392 180

1879

1669

11655

13125

NÚCLEO DE INFORMAÇÃO CLÍNICA

2575

3071

A CUF Oncologia dispõe de um Núcleo de Informação Clínica (NIC) para a análise dos tempos de resposta, monitorização da aplicação dos protocolos clínicos, estudo da epidemiologia da doença e agrupamento de informação para projetos de investigação. O NIC é constituído pelos data managers Cátia Nogueira, Filipa Vilhena, Filipa Rodrigues, Nuno Vale e Sandra Farinha, que executam o registo de todos os casos de cancro diagnosticados e tratados na rede CUF.

INTERNAMENTO MÉDICO ONCOLÓGICO E PALIATIVO Doentes internados

1247

1032

RADIOTERAPIA EXTERNA Doentes tratados

1030

1465

28107

40960

Sessões

CYBERKNIFE Doentes tratados GAMMA KNIFE Doentes tratados

112

99

92

143

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Compromisso e Experiência

CURVAS DE SOBREVIVÊNCIA As taxas de sobrevivência, essenciais ao planeamento dos cuidados de saúde, permitem medir a eficácia do diagnóstico e dos tratamentos. Mário Fontes e Sousa, Oncologista no Hospital CUF Tejo, desenvolve a análise das curvas de sobrevivência dos doentes tratados pela CUF Oncologia, que indicam o número de sobreviventes ao longo de 200 meses, a partir da data de diagnóstico. P ara todas as patologias e estadios, em termos gerais, os dados das curvas de sobrevivência da CUF Oncologia correspondem aos valores expectáveis num ambiente de boas práticas clínicas e de acordo com a literatura internacional e a biologia dos tumores. As curvas de sobrevivência na CUF são distintas de patologia para patologia, à semelhança do que sucede nos melhores centros internacionais, e são um dos indicadores mais relevantes para o doente, aquando da sua tomada de decisão terapêutica.

Mário Fontes e Sousa Oncologista no Hospital CUF Tejo

TUMORES GERMINATIVOS DO TESTÍCULO

CANCRO DA PRÓSTATA

O prognóstico é excecional, com praticamente todos os doentes vivos aos cinco anos (e a grande maioria aos 10 anos).

Verifica-se um prognóstico global favorável e em linha com as boas práticas clínicas. A sobrevivência (incluindo no estadio IV) a 10 anos é de 75%, o que significa que três em cada quatro homens diagnosticados com cancro da próstata na CUF estão vivos ao fim de 10 anos.

Nota para leitura dos gráficos Cada gráfico corresponde a uma patologia analisada num período de 200 meses. Quando surge apenas uma linha, esta representa o somatório de todos os doentes, independentemente do estadio. Quando o gráfico apresenta várias linhas, cada uma representa um estadio diferente da doença, sendo o estadio I o menos invasivo e o estadio IV o mais invasivo. A taxa de sobrevivência (eixo vertical) apresenta-se ao longo dos meses (eixo horizontal).

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CANCRO DO CÓLON

CANCRO DO PULMÃO

É uma das patologias oncológicas mais prevalentes com estimativa de aumento progressivo nas próximas décadas. A sua vigilância pode incluir a realização de colonoscopia, cujo impacto no diagnóstico precoce tem influência na sobrevivência a longo prazo.

Caracteriza-se por tumores mais agressivos e pior prognóstico, que está de acordo com o esperado para a patologia. A importância do diagnóstico precoce é refletida nos doentes em estadio I, que têm sobrevivência a cinco anos próxima dos 80%, o que é notável.

CANCRO DO RETO

CANCRO DA MAMA

Nos estadios I-III, doença localizada ou localmente avançada, a sobrevivência é muito significativa: mais de 80% das doentes vivas aos 10 anos após o diagnóstico; e no estadio IV, doença avançada, com pior prognóstico mas, ainda assim, com mediana de sobrevivência próxima dos 50 meses. As inovações terapêuticas disponibilizadas e em uso na CUF terão um contributo determinante para estes resultados.

Patologia complexa para a qual a CUF é Centro de Referência Nacional. A sobrevivência ultrapassa os 50% aos 10 anos. No estadio IV, há doentes com sobrevivência além dos oito anos desde o diagnóstico, apenas possível com a integração de estratégias com terapêutica sistémica, cirurgia, radioterapia ou terapêuticas focais, todas realizáveis na CUF.

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Compromisso e Experiência

VISÃO DO DOENTE

Não há maior satisfação do que o reconhecimento dos doentes. A partilha de opinião positiva sobre a experiência do seu percurso na CUF Oncologia comprova a humanização dos cuidados e a elevada especialização que a rede CUF disponibiliza.

ELEVADOS ÍNDICES DE SATISFAÇÃO DO DOENTE O inquérito de satisfação do doente oncológico CUF realizou-se entre outubro e novembro de 2020 e abrangeu 122 entrevistas online a pessoas maiores de 18 anos que fizeram tratamentos nos hospitais CUF entre janeiro e setembro do mesmo ano.

A SATISFAÇÃO GLOBAL DOS DOENTES É DE 9,2 EM 10 PONTOS

O QUE DIZEM OS DOENTES Senti-me completamente confortável. É muito importante ter confiança nas equipas quando partimos para algum tratamento. Uma pessoa fica rouca, no dia seguinte vai ao Otorrinolaringologista e na mesma semana faz uma biópsia. Isto diz quase tudo! Em relação à terapêutica, partilhei todas as minhas dúvidas com o médico e obtive as respostas que foram necessárias para a minha decisão. As enfermeiras são muito cuidadosas, estão sempre a perguntar se me estou a sentir bem. Os gestores oncológicos são fantásticos. Se for uma situação urgente, digo à gestora e ela torna a minha questão prioritária. A dedicação e a competência da equipa de Cuidados Domiciliários e de Cuidados Paliativos são dignas da nossa admiração. Estamos permanentemente apoiados.

A “competência clínica dos médicos” foi apontada pelos inquiridos como o principal fator de escolha pela CUF. Um resultado que espelha a importância da experiência das equipas clínicas e também se reflete na confiança depositada no plano terapêutico apresentado, com uma satisfação média de 9,3 numa escala de 1 a 10 pontos (sendo 10 a classificação máxima).

O percurso clínico do doente obteve também avaliações positivas, desde o diagnóstico, com uma satisfação média de 9,3 , aos tratamentos como a oncologia médica (9,6) e a radioterapia (9,5) .

A disponibilidade das equipas , tanto dos médicos (9,7) como dos enfermeiros (9,8) e dos administrativos (9,4) , e a simpatia e clareza das informações foram os fatores que obtiveram as pontuações mais elevadas.

80%

dos inquiridos recomendam os serviços da CUF Oncologia a familiares e amigos, o que representa uma elevada confiança nos cuidados que lhes foram prestados.

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UMA RESPOSTA À ALTURA DA PANDEMIA As equipas da CUF Oncologia enfrentaram com um forte espírito de missão e compromisso um dos momentos mais desafiantes da sua história. A pandemia de COVID-19 trouxe consigo uma nova realidade, à qual respondemos sempre em segurança e sem nunca deixar de garantir os cuidados de saúde necessários. Não obstante a grande exigência vivida durante este período, adaptamo-nos, reforçámos a nossa resposta e mantivemos como prioridade não deixar ninguém para trás.

Uma Resposta à Altura da Pandemia

COVID-19: NÃO DEIXAR OS DOENTES ONCOLÓGICOS PARA TRÁS Foi com um forte espírito de missão e resiliência que a CUF Oncologia e os seus profissionais enfrentaram a pandemia de COVID-19, aquele que, porventura, foi o maior desafio da sua história. A cada momento procuraram ajustar-se, e muitas vezes reinventar-se, para continuar a garantir uma resposta célere e adequada aos doentes oncológicos.

D epois de eclodir na China no final de 2019, a COVID-19 acabou por chegar também à Europa. Primeiro Itália, depois Espanha e França e, por fim, Portugal, onde o primeiro estado de emergência foi decretado em meados de março de 2020. O breve intervalo que mediou entre o início da COVID-19 e a sua chegada a Portugal permitiu às equipas da CUF Oncologia pensar na melhor forma de reestruturar a sua atividade. Os objetivos foram definidos à partida: manter o acompanhamento regular dos doentes oncológicos e garantir a segurança dos circuitos nos hospitais e clínicas da rede CUF. Ciente da necessidade de manter os cuidados e garantir a segurança de doentes que, à partida, estão mais fragilizados, a CUF Oncologia adaptou-se rapidamente à nova realidade pandémica. “Foram criados fluxos diferentes para os doentes oncológicos, separados dos restantes doentes”, recorda Ana Raimundo, Diretora Clínica da CUF Oncologia e Oncologista nos hospitais CUF Tejo e CUF Cascais. Da separação das salas de espera ao distanciamento, passando

pela obrigatoriedade de os doentes entrarem sozinhos no hospital, tudo foi feito para que o número de contactos fosse o mais reduzido possível. Os Hospitais de Dia permaneceram abertos e houve um esforço para concentrar num mesmo dia todos os procedimentos que o doente tivesse de fazer, para evitar a multiplicação de deslocações. “Se um doente viesse fazer um exame, teria consulta no mesmo dia”, recorda a responsável. Ao mesmo tempo, houve uma maior aposta nas teleconsultas. A oncologista assume que, numa primeira fase, a teleconsulta fez toda a diferença: “Houve muitos doentes que optaram pela realização de teleconsultas. E mesmo com as pessoas mais idosas, que não tinham o conhecimento ou os meios técnicos para o fazer, fazíamos a consulta telefónica, que também resultou.” Luís Mestre, Cirurgião no Hospital CUF Tejo e na Clínica CUF Almada e Coordenador da Unidade da Mama do Hospital CUF Tejo, recorda: “Tivemos a capacidade de manter a nossa atividade.

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a proteção para garantir que os nossos doentes se sentissem seguros”, afirma Ana Oliveira. Os doentes eram triados a cada ida ao hospital e os testes à COVID-19 eram realizados pela equipa do Hospital de Dia. Foi possível garantir que continuassem a fazer os seus tratamentos oncológicos, a ter as suas consultas, mesmo estando o hospital a receber doentes internados com COVID-19”, recorda a enfermeira. Outra das alterações impostas foi a ausência de acompanhantes durante os tratamentos, que a equipa tentou colmatar da melhor forma. “Já antes tínhamos um ambiente muito positivo e uma relação muito próxima com os nossos doentes. Na altura, tínhamos um open space , mas tentámos ao máximo, sempre garantindo as condições de segurança, manter essa proximidade”, conta Ana Oliveira. Com o mesmo intuito, a LADO – Linha de Apoio ao Doente Oncológico, gerida pela equipa de Enfermagem da CUF Oncologia, foi reforçada.

Luís Mestre Responsável da Unidade da Mama de Lisboa no Hospital CUF Tejo

Ana Raimundo Diretora Clínica da CUF Oncologia

Quando, em março de 2020, o Hospital CUF Infante Santo foi convertido em “Hospital COVID”, os serviços foram reorganizados de modo a permitir que o Hospital de Dia de Oncologia continuasse a funcionar normalmente. “Entre março e abril de 2020, recebemos os doentes infetados com COVID-19 com necessidade de internamento. Na altura, o hospital sofreu uma reestruturação, com circuitos próprios e adaptação dos nossos procedimentos enquanto enfermeiros, assim como os restantes colaboradores”, recorda Ana Oliveira, Enfermeira no Hospital de Dia de Hemato-Oncologia do Hospital CUF Tejo. Graças à estrutura do edifício do hospital foi possível criar um circuito totalmente separado para a Oncologia, que se manteve assim numa zona “limpa” de COVID-19. “Os doentes oncológicos entravam por um portão externo específico e iam diretamente para o Hospital de Dia ou para as consultas. Foi assegurada toda Manter a normalidade num “Hospital COVID” positiva como profissionais e doentes se adaptaram às novas regras. “Ao longo deste tempo, todos tivemos de nos adaptar para manter os cuidados de saúde que eram necessários. Houve compreensão em todos os momentos de parte a parte”, diz. O que fizemos foi garantir ao máximo que os circuitos tivessem toda a segurança, quer para os doentes, quer para os profissionais, seguindo as indicações da Direção-Geral da Saúde e de acordo com as normas internacionais validadas para atuação em Oncologia, em tempo de COVID-19.” O especialista sublinha ainda a forma

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Uma Resposta à Altura da Pandemia

Já a Unidade de Hospitalização Domiciliária dá resposta a doentes agudos ou crónicos agudizados, com necessidade de internamento e que, na ausência deste serviço, teriam de estar numa cama de hospital. Para os doentes com indicação, a Hospitalização Domiciliária garante grandes vantagens, nomeadamente menor exposição a infeções hospitalares, menos quadros de delírio e menor registo de quedas. Em especial no que diz respeito aos doentes oncológicos, a permanência num ambiente mais resguardado, que lhes é familiar, é particularmente benéfica. “Trata-se de um serviço mais personalizado, sem reduzir os contactos com a família. E isso resultou num aumento da satisfação dos doentes, sem aumento da mortalidade e sem redução da segurança”, assegura Pedro Correia Azevedo. É sobretudo ao nível do controlo de comorbilidades, como quadros infeciosos ou descompensação de problemas pré-existentes como a diabetes ou doenças cardíacas, no decurso da doença oncológica, ou no controlo da dor, que é feito o acompanhamento em internamento domiciliário. A isto juntam-se os serviços de Reabilitação ou de apoio na adaptação a uma nova realidade, por exemplo a doentes que foram ostomizados na sequência de uma cirurgia. Durante o período de hospitalização, todo o tratamento é feito em articulação com o médico assistente. “É comum ligarmos aos colegas da Hemato-Oncologia do Hospital CUF Descobertas ou do Hospital CUF Tejo que seguem os doentes, discutirmos o caso com eles e pedirmos opinião”, refere Pedro Correia Azevedo.

Ana Oliveira Enfermeira no Hospital de Dia

de Hemato-Oncologia do Hospital CUF Tejo

Pedro Correia Azevedo Diretor Clínico da Unidade

de Hospitalização Domiciliária e dos Cuidados Domiciliários da CUF

Quando o hospital se muda para casa

Os Cuidados Domiciliários e a Hospitalização Domiciliária foram outro dos vetores da resposta da CUF Oncologia ao contexto de pandemia. Estes serviços permitiram continuar a dar resposta aos doentes – nomeadamente os doentes oncológicos – em condições de segurança no conforto das suas casas, e tiveram uma grande adesão por parte da comunidade e dos profissionais de saúde. “Houve um crescendo de doentes referenciados, o que fez com que tivéssemos de reforçar a equipa, tanto médica como de enfermagem”, recorda Pedro Correia Azevedo, Diretor Clínico da Unidade de Hospitalização Domiciliária e dos Cuidados Domiciliários da CUF, que sublinha o caráter especializado da equipa. “Estamos a falar de especialistas em Medicina Interna e, no caso da Enfermagem, temos especialistas em Reabilitação, em Saúde Comunitária, todos eles já com experiência em cuidado no domicílio com nível hospitalar.” A CUF já vinha a oferecer o serviço de Cuidados Domiciliários há alguns anos, mas a Unidade de Hospitalização Domiciliária nasceu em junho de 2020. Os Cuidados Domiciliários têm como principais valências consultas médicas ao domicílio, cuidados de Enfermagem, colheita de análises clínicas, tratamento de feridas no pós-operatório, Fisioterapia, Enfermagem de Reabilitação e o acompanhamento de doentes crónicos 24 horas por dia com Enfermagem.

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D epois de ter tido cancro da mama em 2017, Patrícia Rodrigues teve uma recidiva em fevereiro de 2020. O facto de se viver o início da pandemia de COVID-19 não condicionou a forma como lidou com a doença. “Nunca pensei em adiar tratamentos por causa da pandemia. Não hesitei em recorrer aos mesmos serviços, de forma a ter a celeridade que pretendia”, diz Patrícia. “O fator tempo é decisivo para a cura ou não de uma situação oncológica”, lembra. Patrícia Rodrigues notou imediatamente as diferenças no hospital relacionadas com a segurança: o uso de máscara, a medição da temperatura à chegada, o teste à COVID-19 de 15 em 15 dias, o questionário para avaliação de sintomas e a desinfeção da cadeira onde se sentava. Durante o ano de 2020 foi submetida a uma cirurgia, quimioterapia e radioterapia. “Quando terminei a radioterapia fui de férias, sempre com cuidados. Mas no ano passado já fiz uma pequena viagem à Madeira que me soube pela vida”, conta. Hoje a doença faz parte do passado ao qual, ainda assim, estão associadas boas memórias, como a disponibilidade da equipa de Enfermagem do Hospital de Dia, ou a entrega da médica que a operou. “A Dra. Catarina Santos [Cirurgiã Geral] é uma mulher cinco estrelas, nunca deixou de me responder a mensagens e de me dar apoio. Foi incansável.” TESTEMUNHO Patrícia Rodrigues Sentir a imediata adaptação do hospital à pandemia

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Uma Resposta à Altura da Pandemia

Nuno Bonito Oncologista dos hospitais CUF Coimbra e CUF Viseu

A possibilidade de que a pandemia levasse a uma quebra de novos diagnósticos – o que veio a confirmar-se – foi alvo de preocupação por parte da CUF Oncologia desde o início, com a aposta num trabalho de consciencialização da comunidade para a necessidade de continuar a recorrer a cuidados de saúde e de não ignorar sintomas. Foi neste âmbito que foi reforçada a Via Verde Diagnóstico de Cancro, cujo objetivo é garantir diagnóstico, estadiamento e início do tratamento do cancro no prazo mais curto possível. “Tivemos doentes que ouviram falar da Via Verde e nos procuraram com o intuito de fazer o diagnóstico. Na mesma semana ou no mesmo dia, rapidamente faziam a consulta, os exames de diagnóstico, o estadiamento e rapidamente tinham o diagnóstico”, recorda Ana Raimundo. Apesar dos esforços, houve uma clara diminuição do número de diagnósticos, traduzida no atual incremento de novos casos. “Os que não foram diagnosticados antes estão a ser diagnosticados numa fase mais tardia e em estadios mais avançados”, afirma a oncologista. Luís Mestre acrescenta: “O que efetivamente mostra que terá havido menos diagnósticos é que neste momento estamos a ter um pico enorme de novos casos.” Um acréscimo que Nuno Bonito, Oncologista dos hospitais CUF Coimbra e CUF Viseu, atribui à diminuição do número de rastreios durante a pandemia. “Houve uma redução de rastreios: 21% no cancro da mama, 12% no cancro do colo do útero e 7% no cancro colorretal. Os riscos de uma diminuição de diagnósticos

A pandemia pode ter levado a que cem milhões de testes de rastreio de base populacional não tenham sido realizados em toda a Europa”, afirma o especialista, para quem a quebra nos diagnósticos também se explica pela diminuição da procura de cuidados de saúde, fruto do medo de contrair o vírus. “Por desinformação e falta de conhecimento sobre a existência de circuitos seguros nas unidades de saúde, verificou-se um adiar da procura de ajuda médica durante a pandemia.” A CUF Oncologia, maior diagnosticador privado de doenças oncológicas do país que, em média, diagnostica 80 novos casos de cancro por semana, registou nessa altura uma quebra acentuada. “Houve uma diminuição de cerca de 20% de diagnósticos. No final do ano de 2020, estava-se já a recuperar, mas, com a nova vaga pandémica no início de 2021, houve novamente uma quebra de novos diagnósticos”, explica, por seu turno, Ana Raimundo. Também a dificuldade em realizar os exames de estadiamentos, essenciais para a definição de uma estratégia eficaz e adaptada à fase e gravidade da doença, aumentou em vários países, influenciando deste modo o tratamento dos doentes. “Na Europa, estima-se que uma em cada duas pessoas com doença oncológica inicial não tenha sido encaminhada para cuidados diferenciados; e que um em cada cinco doentes oncológicos não tenha recebido o tratamento de que necessitava”, sublinha Nuno Bonito.

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E mília Moreira recorre desde sempre aos pela médica de família, em 2019. A má notícia chegou no próprio dia. “A doutora disse-me que tinha um problema e que, embora ainda fossem necessárias análises, o melhor seria dirigir-me ao Dr. João Niza Barradas [Cirurgião Geral], para que visse o exame”, conta. O médico confirmou as suspeitas iniciais de cancro do intestino e prescreveu-lhe mais exames. “No dia 30 de abril estava a ser operada”, recorda Emília Moreira, que depois realizou a quimioterapia e passou a ser acompanhada por Diogo Alpuim, Oncologista no Hospital CUF Sintra. Em outubro de 2020, uma TAC de rotina revelou uma metástase no pulmão direito e, mais uma vez, a resposta foi rápida, com Emília Moreira a ser submetida a um inovador tratamento de radioterapia no Hospital CUF Descobertas. Com a pandemia a manter o país em alerta, foi decidido que o acompanhamento médico seria feito por teleconsulta. “Resultou muito bem”, garante Emília, hoje já em remissão. “Fui sempre muito bem cuidada e senti-me segura”, afiança. serviços da CUF e foi no Hospital CUF Sintra que decidiu realizar a colonoscopia prescrita TESTEMUNHO Emília Moreira Apoio médico à distância de um clique

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Uma Resposta à Altura da Pandemia

Q uando, no início de 2021, Rui Reis se queixou de uma amigdalite, a mulher, médica, ficou alerta. “Tinha sintomas só de um lado e ela insistiu para que fosse visto por um otorrinolaringologista”, recorda o veterinário reformado que vive em Ferreira do Alentejo. O diagnóstico de tumor na amígdala chegou depois da consulta da especialidade e de uma biópsia, mas a formação profissional de Rui permitiu-lhe perceber que era importante ser tratado com a maior rapidez possível e, por isso, mesmo com o país a atravessar uma nova vaga de infeções por COVID-19, procurou manter a calma. “Pensei: vamos resolver isto.” Para garantir o acompanhamento atempado, Rui recorreu à CUF no final de fevereiro, onde foi acompanhado por Pedro Montalvão, Coordenador da Unidade de Cancro de Cabeça e Pescoço da CUF Oncologia. Como desejado, o processo foi célere. “Liguei a meio da semana e a consulta foi marcada para a segunda-feira seguinte. No início de março fui operado”, recorda Rui, que sublinha que o bom acompanhamento nunca foi posto em causa por causa da pandemia. “Não afetou de forma alguma o modo como fui acompanhado na CUF. O único aspeto que se pode dizer que fugia à normalidade que conhecíamos foi o facto de ter de efetuar testes à COVID-19 antes de fazer a cirurgia”, conta. Quando iniciou a radioterapia, seis semanas depois da cirurgia, já tinha retomado a vida normal, de tal forma que conduzia até Lisboa para fazer os tratamentos. A doença não deixou sequelas. “Só não canto, porque nunca tive jeito”, garante. E deixa um conselho a outros doentes: “Agir sempre o mais rápido possível.” TESTEMUNHO Rui Reis Agir com rapidez e manter a calma: as chaves para o sucesso

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CUIDAMOS EM TODOS OS MOMENTOS Somos o principal diagnosticador privado de cancro em Portugal, com mais de 4 mil doentes acompanhados e tratados todos os anos. A nossa experiência no diagnóstico e tratamento das doenças oncológicas, decorrente da excelência do corpo clínico, garante uma resposta abrangente a todos os tipos de cancro. Desde o primeiro momento, as nossas equipas multidisciplinares estão lado a lado com o doente, porque sabemos bem que tão importante como tratar a doença, é tratar a pessoa.

Cuidamos em Todos os Momentos

COLOCAR O DOENTE NO CENTRO DOS CUIDADOS João Paulo Fernandes Oncologista e Hematologista nos hospitais CUF Descobertas e CUF Torres Vedras

O cancro impacta a vida da pessoa que se confronta com o diagnóstico e de quem a rodeia. De que forma a CUF Oncologia apoia os familiares e cuidadores na vivência com a doença? Os familiares e cuidadores são parceiros nesta caminhada e os enfermeiros são os que estão mais próximos, conhecendo as particularidades, o contexto familiar e as necessidades de cada pessoa. Temos também psicólogos que acompanham o doente A CUF teve sempre uma visão ampla da Oncologia, procurando servir as necessidades do doente, tratar a pessoa no seu todo e tratar a doença com os melhores procedimentos ditados pelo conhecimento médico e científico mais atual. Tudo isto se constrói com rigor, com equipas dedicadas e imbuídas do mesmo propósito, que é o de colocar o doente no centro dos cuidados, respeitando os seus valores. A abordagem holística da saúde tem a particularidade de envolver ativamente o doente nas próprias decisões. De que modo a CUF Oncologia promove esta interação? Integrando nos cuidados as necessidades fisiológicas da pessoa, bem como os seus valores de vida, espirituais e familiares. Tudo tem de ser integrado para ser feita uma recomendação de tratamento, respeitadora das suas decisões. Ou seja, o caminho proposto pelos médicos não é necessariamente o aceite pelos doentes e nós temos de nos adaptar, com a noção de que não tratamos tumores. Tratamos pessoas. João Paulo Fernandes, Oncologista e Hematologista nos hospitais CUF Descobertas e CUF Torres Vedras, exerce Medicina há 40 anos e entrou pela primeira vez na CUF em 1986. O especialista destaca a articulação existente na rede de cuidados em prol do doente, na sua dimensão individual. O acompanhamento de pessoas com cancro contempla o tratamento da doença, bem como as necessidades individuais de cada doente. Como é que a CUF Oncologia assegura esta resposta?

Como é que a rede nacional de cuidados oncológicos da CUF partilha, entre si, o conhecimento das equipas e os recursos tecnológicos para o diagnóstico e tratamento do cancro? Há três pontos essenciais que estão articulados para que a informação possa fluir. O primeiro é o papel das gestoras oncológicas, que são essenciais no processo de passagem de toda a informação. O segundo ponto é o conhecimento, por parte das equipas, de todos os equipamentos disponíveis na rede CUF, cujo parque tecnológico está sempre a ser atualizado. O terceiro, que permite referenciação do doente dentro da rede CUF, é o reconhecimento, entre pares, dos peritos médicos em cada área oncológica, que são referência a nível nacional. e a sua família se assim o desejarem. O envolvimento da equipa multidisciplinar é também uma forma de aferir se estamos a percorrer o caminho que respeita as decisões do doente. De que forma é garantida a articulação entre as diferentes especialidades e as equipas de suporte? Faz-se promovendo o envolvimento de todos, desde a primeira consulta médica às consultas de Enfermagem. Todos os serviços são partilhados e de proposta constante para que os doentes possam beneficiar deles. A rápida capacidade de resposta é uma característica distintiva da CUF Oncologia. Em que benefícios se traduz para o doente oncológico? A rapidez no diagnóstico, na decisão e na terapêutica são objetivos primordiais em Oncologia. Além da vantagem em termos de resultados, é muito claro o benefício para os doentes, que se traduz na redução da preocupação, do desconhecido, da espera, pois a dúvida é o que provoca maior ansiedade.

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